Governo lança programa de educação profissional que deverá beneficiar 8 milhões de brasileiros
A presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, lançaram nesta semana o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que tem como meta oferecer 8 milhões de vagas, até 2014, na educação profissional para estudantes do ensino médio e trabalhadores que necessitam de qualificação. Com a iniciativa , Dilma espera reduzir um problema crônico para o crescimento dos serviços e da indústria nacional: a falta de mão de obra especializada.
“Temos pela frente a perspectiva de um rigoroso processo de desenvolvimento econômico e precisamos de mão de obra qualificada para manter esse crescimento sustentável. O Pronatec funcionará como uma espécie de “guarda-chuva”, unindo e financiando programas vinculados à educação profissional”, destacou a presidenta.
Para alcançar esse objetivo, o governo pretende investir cerca de R$ 1 bilhão, sendo R$ 700 milhões para a concessão de 3,5 milhões de bolsas de estudo para formação de estudantes e trabalhadores; e R$ 300 milhões para financiamento estudantil, por meio do Fies, com os mesmos juros praticados para os cursos superiores – de 3,4% ao ano.
Entre as ações previstas no projeto está também a construção de mais 200 escolas técnicas até 2014. Somadas às 140 existentes até 2002 e às 214 inauguradas na gestão Lula, em quatro anos serão 554 unidades. Segundo Haddad, 81 novas escolas já estão em construção e deverão ser entregues até o início do ano que vem.
As vagas serão oferecidas por instituições públicas e privadas e pelo Sistema S (Sesi, Senai, Sesc e Senac), em cursos presenciais e à distância. “Pretendemos ampliar a expansão da rede de escolas técnicas da federação, aportando recursos do BNDES para que possam antecipar o plano de investimento. Aquilo que seria feito em dez anos, vamos ampliar e dobrar a capacidade”, disse o ministro.
Benefício aos trabalhadores
Assim como os alunos do ensino médio, o programa vai beneficiar também os trabalhadores interessados em qualificação profissional. Os empresários que desejem oferecer capacitação aos seus empregados, por exemplo, terão acesso às linhas de financiamento do Fies com os baixos juros praticados pelo fundo.
Outra novidade é a conexão entre a concessão de bolsas do Pronatec e o seguro desemprego. Pelo projeto encaminhado ao Congresso, os trabalhadores reincidentes no pedido de auxílio desemprego serão prioritários para a concessão de bolsas do Pronatec.
Desse modo, trabalhadores reincidentes no seguro-desemprego serão recrutados para participar de cursos profissionalizantes em instituições públicas ou do Sistema S. Eles serão orientados sobre o tipo de curso e a área em que podem se capacitar. Após a matrícula, a frequência do aluno será controlada e ele só receberá o seguro-desemprego se comparecer às aulas.
Estudos mostram que hoje, para cada R$ 100 gastos com o seguro-desemprego, o governo federal usa apenas R$ 1 em programas de qualificação de mão de obra. Nos Estados Unidos, para cada US$ 100 gastos com os benefícios aos desempregados, o governo de Barack Obama investiu US$ 11,25 em qualificação no ano passado. A partir das ações do Pronatec, o governo brasileiro espera mudar esse cenário no País.
O Pronatec também pretende atingir os beneficiários do Bolsa Família, que vão ser selecionados pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para cursos de formação em diferentes níveis, a partir da oferta disponível em cada município. Os cursos poderão ser voltados à alfabetização de adultos ou ao aperfeiçoamento profissional.
Alternativa de qualificação
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008 demonstram que apenas 25,5% da população de jovens de 18 a 24 anos alcançam o ensino superior. Os cursos técnicos de nível médio despontam, portanto, como alternativa de qualificação e inserção no mercado de trabalho para mais de 74% desse contingente
Estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) demonstrou que ter formação profissional aumenta em 48% as chances de um indivíduo em idade ativa ingressar no mercado de trabalho. O estudo A educação profissional e você no mercado de trabalho também constatou que os salários daqueles que têm um curso profissionalizante são até 12,94% mais altos e é de 38% a probabilidade de se conseguir um trabalho com carteira assinada, em confronto com candidatos com escolaridade inferior.
A pesquisa da FGV reforça um estudo anterior, feito pelo MEC, com estudantes egressos da rede federal de educação profissional. O levantamento, divulgado em 2008, demonstrou a empregabilidade de 72% dos técnicos de nível médio formados de 2003 a 2007 pelos institutos federais.
Falta mão de obra
Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 1,6 mil empresas, sete em cada dez empresários sofrem com a falta de qualificação profissional. Do total de empresas consultadas, 94% afirmaram que o déficit de mão de obra é maior na área de produção. Ou seja, mais que os cargos especializados, como chefia e gerência, a principal reclamação vem da falta de pessoal para o “chão” da fábrica. O equivalente a 82% das indústrias afirmaram, também, ter problemas para encontrar técnicos.
Outro setor que demanda atenção é o da construção civil. Com o volume atual de obras em andamento no país, é necessária, segundo cálculos do Ministério do Trabalho e Emprego, a formação de 500 mil profissionais. A situação é resultado do pouco investimento dedicado a essa questão nos últimos anos e, que vem sendo ampliada, em função do crescimento do setor. Os dados de cursos de qualificação realizados pelo ministério apontam que o governo executou 628 mil treinamentos em construção civil entre 2005 e 2010. Nesse período, o investimento total aplicado nesses treinamentos atingiu R$ 337,2 milhões. O pico foi atingido em 2008 quando 141 mil vagas foram preenchidas, com custo de R$ 89 milhões. De lá para cá, porém, o volume anual de cursos oferecidos caiu. Em 2009, o número de aulas foi reduzido para 94 mil. Em 2010, foram apenas 60 mil.
Fonte: Blog Educação
segunda-feira, maio 02, 2011
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