Brasil ainda tem 12,9 milhões de analfabetos, segundo IBGE
Ler e escrever são duas habilidades básicas para realizar tarefas simples do cotidiano, como identificar placas e numeração de ônibus, pedir documentos, pagar contas no caixa eletrônico, entre outras. No entanto, essas habilidades ainda não fazem parte da vida de 12,9 milhões de brasileiros. É o que diz a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Segundo os dados, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais caiu de 9,7%, em 2009, para 8,6% em 2011, mas ainda totaliza 12,9 milhões de pessoas.
O maior percentual é verificado na região Nordeste: 16,9%. Ainda de acordo com a Pnad 2011, 96,1% dos analfabetos do País têm 25 anos ou mais. Mais da metade deles se concentra na faixa acima de 50 anos.
Já o Indicador de Alfabetismo Funcional – Inaf, divulgado neste ano e realizado peloInstituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, mostra que apenas um em cada quatro brasileiros tem domínio pleno de habilidades básicas de leitura, escrita e matemática. Além disso, a parcela de pessoas que atingem o nível pleno de alfabetismo está estagnada há 10 anos em 25%. O Inaf divide os participantes em quatro níveis: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno, sendo os dois primeiros níveis considerados como analfabetismo funcional.
Para especialistas em alfabetização, ser analfabeto ou analfabeto funcional na idade adulta tem raízes na ausência ou na ineficiência da educação básica. Eles afirmam que o compromisso no letramento das crianças é, principalmente, da escola.
“A partir do momento que elas passam a ter contato com a língua escrita, é dever da unidade ensinar a ler e escrever”, afirmou o coordenador de desenvolvimento de pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária – Cenpec, Antonio Batista. “É um momento ‘curricularmente’ previsto. A alfabetização é a base de tudo e é surpreendente que tanta gente ainda não tenha entendido isso”, completou.
Dificuldades
Entre as dificuldades enfrentadas por um adulto que, quando criança, não foi alfabetizado plenamente, está o acesso a textos mais complexos, como os demandados em cursos de nível superior. É o que exemplifica a professora Maria do Rosário Longo Mortatti, da Universidade Estadual Paulista – Unesp. “Não basta formarmos alunos alfabéticos: temos de formar leitores e autores”, sintetiza.
O processo, segundo Bia Gouveia, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá, parte de uma educação infantil de qualidade, quando se oportunizam boas interações e a criança tem contato com os primeiros saberes culturais. “Isso tudo ajuda o aluno a entrar no ensino fundamental com um corpo de conteúdos e algum reconhecimento de linguagens”, afirmou. Segundo ela, desde o primeiro ano dessa etapa de ensino, o aluno deve ser incentivado.
Gouveia explicou, ainda, que muito do que é feito na escola, hoje, não tem conexão prática com a realidade dos alunos. “Quando saem da escola, eles encontram diversos tipos de textos e artigos dos quais não conseguem fazer uso, o que prejudica a sua participação social. O que vai acontecer é que esse estudante pode se tornar alguém que não se comunica bem oralmente, por escrito, e em grupo, sem conseguir expressar e defender corretamente seus desejos e ideias e sem ser um usuário competente da língua.”
Por Todos pela Educação.
Com informações do Blog do Professor Ivanilson
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