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A estruturação de um plano integrado entre Cultura e Educação



A Educação, como prática social, envolve diferentes atores. Sem a participação da sociedade civil, das comunidades do entorno das escolas, das bibliotecas, museus, Pontos de Cultura e praças, o que deveria ser um sistema educacional restringe-se a um sistema escolar. Por esse motivo, tanto o Plano Nacional de Cultura como o Plano Nacional de Educação apontam o fortalecimento das relações entre Cultura e Educação como ferramenta estratégica para a plena cidadania e para a qualidade do ensino.

Para formular princípios capazes de orientar as políticas de Cultura voltadas para a Educação, a Casa da Arte de Educar, a partir de parceria entre o Ministério da Cultura – MinC e o Ministério da Educação – MEC, realiza o projeto Um Plano articulado para Cultura e Educação. “Estamos construindo uma política da Cultura para a Educação em parceria com a sociedade civil. É um objetivo do MinC estruturar sua política a partir das experiências em curso na sociedade”, explicou Sueli de Lima, coordenadora do projeto.
De acordo com Lima, trata-se de uma iniciativa que pretende escutar a sociedade. “O objetivo é ser propositivo e construir princípios que ajudem o governo a estruturar políticas baseadas na realidade, nas conquistas da sociedade e também naquilo que a sociedade já descobriu que não dá certo”, disse. Envolvendo professores, educadores populares, artistas e outros atores sociais, o objetivo é integrar a educação formal e a educação não formal para a criação de uma política de Cultura e Educação, baseada nas experiências bem-sucedidas em curso.
O projeto considera ações bem-sucedidas aquelas capazes de estruturar-se de forma intersetorial e de avançar, como explicou Lima, sobre os desafios do aprendizado, lançando mão dos saberes populares e trazendo, também, outras áreas para contribuir com o trabalho da escola, como a saúde ou a assistência social. “Essas seriam experiências que a gente classificaria como bem-sucedidas, experiências que vão para além da escola, que trazem para dentro delas todos os desafios e potencialidades do seu entorno”, explicou a educadora.
Para a identificação de tais experiências, o projeto realizou encontros em cidades de referência em cada região brasileira – Porto Velho, Recife, Campo Grande, Rio de Janeiro e Porto Alegre –, definidas a partir de critérios como diversidade de equipamentos culturais e educacionais, consonância com as políticas públicas, vulnerabilidade e boas práticas educacionais. Em cada cidade, foi feito um trabalho de “pesquisa-ação”, metodologia que, segundo Lima, ao mesmo tempo em que reúne informações, também interfere no meio. “É também um trabalho de formação e de construção de redes para todos os envolvidos”, afirmou.
Os próximos passos do projeto incluem o tratamento dos dados e a realização de reuniões devolutivas, nas cinco regiões brasileiras, com as pessoas que participaram da pesquisa, que deverá ser assinada coletivamente. “E aí vem um outro momento, o de luta política, de conseguir que os princípios formulados por meio da pesquisa se efetivem”, disse Lima, que espera ver, como resultado do projeto, o embasamento para a estruturação de marcos legais para a articulação intersetorial entre Educação e Cultura.
“Eu acho que a gente tem muito ainda a avançar. A intersetorialidade entre Cultura e Educação, pelo o que a gente tem visto na pesquisa, não existe, não é uma prática”, afirmou Lima. Para a coordenadora do projeto, a intersetorialidade, com a exceção de determinadas experiências isoladas, não é, ainda, uma prática da sociedade brasileira. “Acho que há um desejo de construí-la por parte de muitas instâncias governamentais e de muitos representantes da sociedade civil, mas não vejo isso acontecendo. Existem experiências isoladas, mas a gente ainda está caminhando para isso”, completou.
Ferramenta digital de mapeamento
Faz parte do projeto Um Plano Articulado para Cultura e Educação o portalculturaeduca.cc, que disponibiliza um fórum de debate, com o qual será realizado o mapeamento do entorno de 15 mil escolas do Programa Mais Educação. “É um mapeamento aberto. Ao mesmo tempo em que apresenta dados institucionalizados – como, por exemplo, se no entorno da escola existe CRAS [Centro de Referência de Assistência Social], posto de saúde, museus, etc. O portal também vai permitir que as pessoas indiquem que, do lado, tem uma feijoada com uma roda de samba, que tem experiências comunitárias”, explicou.
Bernardo Vianna 
Fonte: Blog Acesso

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